demokratikós

Wednesday, September 06, 2006

Eles não querem saber… portanto que se foda, só querem saber que carro conduzes, que tipo de roupa vestes, os locais onde comes.
Vivem noutro mundo para além do teu, por vezes tentam entrar mas só para ver aquilo que tu és exteriormente, foda-se, cambada de hipócritas.
Então que se fodam todos, porque quando eles sentirem a nossa falta, vão olhar para dentro e reflectir em tudo o que perderam, nada mais do que a própria individualidade… e isso é algo que jamais irão recuperar.
È tudo um jogo para eles, não passa da merda de um jogo, e o mais engraçado de tudo é que eles não distinguem esse jogo da realidade, e quando dizes que queres sair e dizer basta destas merdas, eles não entendem porque razão o estás a fazer e pensam que essa tua atitude faz parte do jogo, precisamente porque eles não vêem a diferença, julgam que fazemos parte do mesmo jogo podre, cínico e hipócrita, não quero mais saber, que se fodam todos eles.
Questionam a tua individualidade, porque nunca pararam para pensar no que existe para além de toda a fantochada em que acreditam.
Tu não és a roupa que vestes nem os óculos que usas, tu não és o que eles querem que sejas.

Guilherme Ribeiro, seis de setembro de 2006

Saturday, August 26, 2006

Jornais e Jornalistas

Os jornais são o ponteiro dos segundos no relógio da história. Na maioria das vezes, porém, além de ser fabricado com metais menos nobres do que o dos outros dois ponteiros, raramente funciona de modo correcto.
Uma grande quantidade de maus escritores vive unicamente da estultice do público, que só quer ler o que foi impresso no mesmo dia: os jornalistas. A sua designação vem mesmo a calhar, no entanto deveriam chamar-se 'diaristas'. O exagero de toda a espécie é para eles tão essencial quanto para a arte dramática: com efeito, trata-se de extrair o máximo possível de todo o incidente. Devido à profissão, todos os jornalistas são também alarmistas: este é o seu modo de se tornarem interessantes. No entanto, mediante tal expediente acabam por se igualar aos cãezinhos que, tão logo percebem algum movimento, põem-se a latir fortemente. Sendo assim, é preciso dar aos seus sinais de alerta apenas a atenção necessária para não prejudicar a própria digestão.

Arthur Schopenhauer(1788-1860)